Motociclistas ajudam a reflorestar Vila Pouca de Aguiar

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Dois meses depois do grande incêndio que consumiu cerca de oito mil hectares de floresta, mato e terrenos agrícolas, vários motociclistas, crianças e voluntários estão a reflorestar a área ardida no concelho aguiarense. Mais de 110 candidaturas já foram submetidas pelos agricultores à Comissão da Coordenação e Desenvolvimento do Norte (CCDR-N).

Os terrenos estão despidos, sem árvores e preenchidos de cinzento. Dois meses depois dos fogos de setembro, que consumiram natureza, paisagem, terrenos agrícolas e casas, alguns começam a erguer de novo, o que as chamas destruíram.

Chegam de vários pontos do país e munidos de árvores autóctones, dezenas de motociclistas, crianças e voluntários estão a reflorestar o concelho aguiarense.

Foi junto à aldeia de Zimão, na freguesia de Telões, uma zona extremamente afetada pelos incêndios, onde foi dado o primeiro passo para a restauração do carvalhal autóctone da região. Foram plantadas 1000 árvores desde Carvalhos, Freixos, Bétulas, Loureiros entre outras espécies.

Uma iniciativa da Federação Portuguesa de Motociclismo (FPM), com o apoio do Instituto da Conversação da Natureza e das Florestas (ICNF).

“A Federação de Motociclismo de Portugal desde os grandes incêndios de 2017, normalmente promove uma campanha de sensibilização de reflorestação. Já distribuímos várias dezenas de milhares de árvores a adultos e crianças, mas o mais importante são os panfletos para os adultos e as bandas desenhadas para as crianças para os sensibilizar a plantar a floresta autóctone das nossas regiões”, salientou Ernesto Brochado do Portugal Lés a Lés.

“Este ano, pela primeira vez, estamos a fazer uma ação mais ‘musculada’ com o forte apoio do Município de Vila Pouca de Aguiar adquiriram-se mil árvores, essencialmente carvalhos negrais e carvalhos-robles entre outras espécies. Estamos a tentar dar mais um bocadinho de cor a esta encosta, junto à aldeia de Zimão, porque como motoristas consideramo-nos apreciadores da paisagem e ficamos desconsolados ao ver Portugal a adotar cada vez mais grandes extensões de monoculturas. A nossa floresta já quase não existe, e Vila Pouca de Aguiar ainda é um concelho com florestas tão bonitas”, terminou por dizer o responsável pelo evento ‘Portugal Lés a Lés’.

INCÊNDIOS: MAIS DE 110 AGRICULTORES DECLARAM PREJUÍZOS DE MAIS DE 308 MIL EUROS

Dois meses depois dos incêndios que assolaram o concelho de Vila Pouca de Aguiar, mais de 110 candidaturas foram submetidas ao apoio excecional a agricultores com um valor elegível de 308. 711,00 euros. Alguns agricultores já foram ressarcidos pelos danos, garantiu a presidente do município de Vila Pouca de Aguiar.

“Podemos dizer que já foram submetidas mais de 100 candidaturas de apoios diretos aos agricultores e que muitas destas já foram pagas”, revelou a autarca no sábado, 16 de novembro, dia em que foram completados dois meses desta tragédia.

Ana Rita Dias disse que desde os incêndios, a autarquia aguiarense criou uma estrutura de apoio na área do urbanismo para a recuperação de habitações atingidas.

A autarca sublinhou ainda que a Câmara Municipal está “em constante ação juntamente com o ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas para dar resposta à reposição da flora e da fauna no território, mostrando que o Município com todas as suas equipas e com o Estado Central, continua atento, preocupado e na primeira linha para dar resposta às preocupações dos aguiarenses”, disse.

A calamidade que atingiu o concelho a 16 de setembro de 2024 resultou em cerca de oito mil hectares de área ardida (pinhal e mato). Os prejuízos são significativos nos setores da agricultura e floresta, habitações, empresas e produções, na ordem dos quatro milhões de euros.

Durante quatro dias, de 16 a 19 de setembro, as chamas consumiram no concelho aguiarense cinco casas, uma de habitação permanente, uma de segunda habitação e três devolutas, três armazéns agrícolas, um armazém industrial, depósitos de água, alimentos para animais e várias culturas atingidas (soutos, avelaneiras, vinhas, olivais e outras).

Em Vila Pouca de Aguiar, deflagraram quatro grandes incêndios, em pontos distintos do concelho, os fogos queimaram cerca de 20% da área do concelho e só não atingiram três das 14 freguesias do concelho.

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