Decorreu de 1 a 5 de setembro a Semana da Saúde e do Ambiente em diversas localidades do concelho de Vila Pouca de Aguiar, com o objetivo de promover a saúde e o bem-estar da comunidade e o meio ambiente. Uma das ações contou com a presença de 50 habitantes.
O evento teve a colaboração do Projeto XIV “Medicina Vai”, da Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (AEFMUP), com o apoio da Câmara Municipal de Vila Pouca de Aguiar e da Comissão Municipal de Proteção do Idoso, em parceria com a Prescrição Social de Vila Pouca de Aguiar, estando articulado com o programa CLDS-5G (Contrato Local de Desenvolvimento Social).
Os 43 voluntários envolvidos, divididos em grupos, são estudantes de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e dinamizaram as atividades da semana nas diversas freguesias aguiarenses e Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), sob o lema “Porque a saúde é vida e o ambiente é responsabilidade!”.
O Notícias de Aguiar foi acompanhar a atividade em Sabroso de Aguiar, na Casa do Povo, que rapidamente se encheu de interessados, com cerca de 50 habitantes a assistir, excedendo as expectativas.


O programa iniciou com um tópico relativo aos incêndios, lecionado pelos Bombeiros de Vila Pouca de Aguiar e pela Proteção Civil, que prestaram indicações no sentido da sua prevenção, da preparação aquando de um incêndio e como devem agir nessas ocorrências. Alertaram ainda para as situações mais frequentes que podem provocar incêndios urbanos, ou seja, dentro de casa, assim como conceitos de autoproteção.



Posteriormente, entraram os estudantes de Medicina, com diversas temáticas como Suporte Básico de Vida (SBV), saúde cardiovascular, engasgamento, epilepsia, saúde ambiental e, no final da sessão, realizaram rastreios de diabetes e tensão arterial.
Miguel Coelho, de 19 anos, vai para o segundo ano do curso de Medicina e faz um contexto do Projeto “Medicina Vai” que, sendo dinamizado pela Associação de Estudantes da FMUP, tem como objetivo promover bons hábitos de saúde nas regiões mais periféricas do país. “É uma semana em que vamos para locais que não têm tanto acesso a cuidados de saúde, como nas cidades grandes como Porto e Lisboa, e fazemos alguns cuidados básicos de saúde, muita medicina de prevenção e melhoramos a educação das pessoas acerca da saúde”, diz Miguel Coelho.
As atividades direcionadas à população mais envelhecida são adaptadas e têm um propósito específico. “Os idosos, para além de serem uma faixa etária muito vulnerável, também são aqueles que têm mais problemas de saúde e que não sabem tanto acerca dos mesmos (…). Tentamos que fiquem mais esclarecidos, com uma linguagem muito mais simples e que eles consigam compreender”, explica o estudante de Medicina. Desta forma, o objetivo é que consigam ter mais cuidado com a sua própria saúde, “e também com a saúde dos outros”, frisa.

Quanto à aceitação dos aguiarenses, tanto nesta atividade como nas restantes ao longo da semana, Miguel Coelho diz que têm sido bem-recebidos, uma vez que “foram completamente compreensivos e acolhedores connosco”.
Atividades com propósito de socialização
Um outro fator apontado pelo estudante do segundo ano de Medicina, é o facto de que este tipo de ações tem também uma valência de socialização e de combate ao isolamento, muitas vezes sentido pelos habitantes das aldeias. “Os idosos adoram ver pessoas mais jovens, ficam muito contentes e fazem-nos uma festa, e também é isso que nós queremos, pôr-lhes um sorriso na cara, e saber que os deixamos mais bem-dispostos e que melhorámos o seu dia”.
“Consegui trabalhar muito nas minhas skills de comunicação”
Também os estudantes de Medicina ganham com esta experiência. Miguel Coelho refere que os conhecimentos que leva consigo “ajudaram muito e este ano já vou para algumas cadeiras com algumas luzes, o que me vai ajudar no meu percurso académico”. Salienta ainda que a sua capacidade de comunicação também evoluiu ao longo da semana já que “todos os dias fazemos apresentações, falamos com pessoas completamente diferentes que não sabem do assunto, outras que sabem até mais do que nós, como as enfermeiras dos lares, o que melhora muito a nossa comunicação, a forma como falamos e conseguimos adaptar a nossa comunicação”.
O estudante admite ainda que com esta componente prática conseguem perceber que é “mesmo esta área que nós queremos seguir, que gostamos daquilo que estamos a fazer porque, embora seja uma área muito difícil e complicada, onde vou passar anos e anos da minha vida, vou fazê-lo com um sorriso na cara”.
“Foi muito bom para todos nós, para a nossa comunidade”
Irene Carvalho tem 79 anos, é de Sabroso de Aguiar, e foi uma das habitantes que assistiu à atividade. Considera que foi “um espetáculo” e que, apesar de já ter alguns conhecimentos, aprendeu “ainda mais”. Frisa ainda que “com atenção e com respeito, toda a gente pode evoluir mais um pouco, porque estando uma pessoa só e isolada, e não estando com a comunidade, a pessoa não aprende nada”.
Sempre muito atenta e a participar ativamente na atividade, Irene Carvalho ressalva que, para a comunidade, a ação foi “muito importante para receber os conhecimentos que passaram e foi muito agradável, com a primeira parte dos Bombeiros e depois com os estudantes de Medicina, que são muito queridos e simpáticos, e foi muito bom”.

“A saúde é uma prioridade e uma preocupação”
A Presidente da Câmara Municipal de Vila Pouca de Aguiar, Ana Rita Dias, presente na atividade, avança que “com uma população numa faixa etária mais envelhecida, temos que ter este cuidado em estar próximos e dar mais respostas no âmbito da saúde”. Aponta ainda que sentem algumas dificuldades na comunidade, “não dependendo diretamente do Município, mas dependendo de outras entidades, e estarmos próximos com este tipo de aconselhamento faz com que as pessoas também fiquem mais sensibilizadas para algumas situações que se conseguem resolver, provavelmente no imediato, ou dar uma primeira ajuda, com uma intervenção”. A Presidente conclui ainda que é “de extrema importância fazermos esta capacitação junto da população mais envelhecida e junto da comunidade, para que ela própria também consiga agir em caso de necessidade”.
A autarca reforça a questão da atividade de proximidade com a população, uma vez que “trazer gente nova ao território e que vem ensinar outras coisas, é sempre positivo e até no combate ao próprio isolamento e exclusão social, estas atividades são agregadoras”. Acredita que são “de extrema importância” e que se deve “continuar a apostar nelas e estarmos ao lado destes projetos, para dinamizar as nossas localidades e a nossa comunidade sénior”.
Ana Rita Dias evidencia ainda que desafiou os futuros médicos a ficarem em Vila Pouca de Aguiar, com o intuito da fixação de profissionais de saúde no concelho aguiarense. “Se ficassem cinco já seria bom”, admite.
A Semana da Saúde e do Ambiente teve ações em diversas localizações do concelho aguiarense que incluiu atividades direcionadas para os mais novos, nas IPSS, através do “Hospital dos Pequeninos”, com o intuito de desmistificar o “medo da bata branca” e fomentar hábitos de saúde, higiene e alimentação saudável.
Texto e fotos: Ângela Vermelho