Elizabeth Machado, de 56 anos e a filha Carolina, de 14 anos, ficaram desalojadas na sequência de um incêndio numa habitação em Alfarela de Jales no sábado, dia 02 de agosto. Mãe e filha vivem provisoriamente numa residencial. As duas descrevem o momento do incêndio e a falta de soluções efetivas por parte das entidades responsáveis.
Segundo Carolina, que se encontrava sozinha em casa no momento do incidente “começou a cheirar muito a queimado”. Pensando tratar-se de algo nos quartos, verificou as divisões inferiores, mas não encontrou nada. “Depois comecei a ver que o fumo já estava por baixo da porta. Só tive tempo de pôr as trelas nas cadelas e fugir”.
Carolina teve de receber assistência hospitalar após inalar fumo. “Vim no caminho todo com oxigénio, e quando cheguei ao hospital tive de ficar na maca, no corredor. Fizeram análises ao sangue e tentaram regular os níveis de oxigénio. Estava a 70, depois a 60”, descreve.
A mãe Elizabeth, que não se encontrava em casa no momento do incêndio, relata o pânico inicial. “Ela só me disse que a casa estava a arder e eu disse-lhe para pegar nas cadelas e sair para a rua. Eu queria que ela estivesse bem, a casa logo se via.”
A casa ficou “inabitável. A parte de cima ficou toda destruída. Como era gesso, queimou tudo, desde as telhas, barrotes, tudo. A parte de baixo ficou menos danificada, mas também sofreu com a água que desceu da casa de banho, que estava por cima”, explica Elizabeth.

Deste incidente não resultaram mortes humanas apenas dois animais, “um hamster e um pássaro que estavam na habitação do meu pai, onde começou o incêndio e não foi possível retirá-los com vida”, salientou ainda Elizabeth.
Desde então ambas têm vivido “com o essencial”. Estão alojadas numa residencial de uma amiga que se mostrou solidária, em Vila Pouca de Aguiar, onde cozinham ao ar livre e improvisam com água transportada em baldes. “Temos casa de banho, mas não temos água. Enchemos baldes com a mangueira, aquecemos água na chaleira e tomamos banho”, explica Elizabeth que agradece a ajuda da Câmara, nomeadamente da assistente social, que lhes ofereceu um cabaz com produtos alimentares e de higiene. Elizabeth afirma que o apoio tem sido insuficiente, “o frango não dá para uma semana. Não vamos comer frango todos os dias.”
Foram-lhes apresentadas duas soluções de habitação por parte da Câmara Municipal, uma casa em Bornes de Aguiar, que terá sido recusada por não ter “condições nenhumas” e uma no bairro social, que “não tem água, luz, eletrodomésticos nem camas”. Perante estas propostas, Elizabeth é firme, “eu não quero uma casa de luxo. Só quero uma casa onde possa viver com a minha filha e os meus animais. A minha casa era nova, tinha 13 anos. Se puderem reconstruí-la, é tudo o que peço.”
Apesar da gravidade da situação, a vítima mantém uma postura serena e positiva. “Aqui na residencial também estamos bem. Como costumo dizer, faço campismo todos os dias. Temos uma cama para dormir, é o que interessa.”
Agradece o trabalho dos Bombeiros e da Guarda Nacional Republicana (GNR) que considera terem sido “impecáveis”, mas espera agora “que a Câmara meta as mãos na massa e me levante a casa. Que façam com calma, mas que façam”.
De salientar que o alerta foi dado pelas 13h50 onde estiveram os Bombeiros de Vila Pouca de Aguiar, com cinco veículos e 15 operacionais, e a GNR de Vila Pouca de Aguiar.


Numa nota publicada nas redes sociais, o Presidente da Junta de Freguesia de Alfarela de Jales, Manuel Machado, referiu que em colaboração com a Presidente da Câmara Municipal de Vila Pouca de Aguiar e com a Presidente da Associação De Defesa Dos Animais E Ambiente Terras De Aguiar (ANIPUR) juntamente com as vítimas deste incidente, ficou acordado que o gabinete de ação social do município “vai diligenciar uma habitação provisória para a família e apoiar na alimentação e outros bens de primeira necessidade”. Refere ainda que o Município vai projetar e orçamentar a recuperação da habitação, e a junta de freguesia e a ANIPUR a recolha de donativos para a referida reconstrução”.
Fotos: DR


