O tema “Raça Maronesa, que futuro?” esteve em destaque no fim de semana do Maronês, da Bravia e do Mundo Rural, na Lagoa do Alvão, nos dias 16 e 17 de agosto, em Vila Pouca de Aguiar. A iniciativa, promovida pela Coopaguiarense, reuniu especialistas, produtores e autarcas e terminou com diversas atividades relacionadas com o mundo rural, desde concursos pecuários a uma corrida de cavalos em passo travado.
Com moderação de Francisco Castanheira, responsável pela Coopaguiarense, no debate central, o consultor Nuno Fernandes não poupou críticas à forma como estão estruturados os programas de incentivo agrícola. “É um pesadelo! As medidas estão mal construídas, a forma como são colocadas ao serviço dos agricultores e, sobretudo, pela burocracia inerente”, afirmou. Como exemplo, destacou dois jovens que “apresentaram um projeto agrícola e esperaram um ano e meio, mas já tinham emigrado”.
O vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN), Beraldino Pinto, reforçou esta visão. “A região tem de deixar de ser um mero executor de políticas e de análise informática de candidaturas para ver se cabem nas tais caixinhas”, defendeu, acrescentando que o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC) “precisa de uma forte componente regional”. Beraldino Pinto salienta que “sabemos que aumentou muito o apoio à instalação de jovens agricultores, mas o que é preciso é garantir que o jovem agricultor tenha rendimento não só no início, mas ao longo da vida na atividade que escolheu”.
Da parte da academia, Virgílio Alves, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), sublinhou o valor das raças autóctones. “O futuro da montanha está no aproveitamento das raças autóctones”, afirmou, criticando a tendência de privilegiar apenas o aumento da produtividade. Para Virgílio Alves, “há condições para que o maronês seja o motor do nosso desenvolvimento local”.
Também o produtor António Ferreira, de Casal da Bouça, destacou o impacto da sua atividade. “O que nós fazemos tem muito valor, tem impacto nos ecossistemas, na montanha, no combate aos fogos, mas o consumidor mais urbano não tem esse conhecimento”, lamentou.
A presidente da Câmara Municipal, Ana Rita Dias, defendeu uma aposta evidente nas raças autóctones. “Já movem a economia local, na restauração, na transformação do produto e na preservação da paisagem”, afirmou.
O primeiro dia incluiu o III Concurso Pecuário de Raça Maronesa e a Garraiada e Chega de Bois. O encontro contou ainda com a participação de António Guedes, presidente da Junta de Freguesia do Alvão, que deixou palavras de gratidão a André Ribeiro, a Ivan Teixeira e a Joaquim Teixeira, que ajudaram a organizar o encontro do maronês, e a todos os criadores que trouxeram os seus animais até esta atividade. Foi ainda importante o seu papel na mobilização da Associação de Criadores do Maronês e Carne Maronesa e da Associação Nacional de Criadores de Cabra Bravia.
No domingo, o Secretário de Estado da Agricultura, João Moura, visitou as atividades no Alvão. De manhã, acompanhou o XVIII Concurso Nacional de Cabra Bravia, promovido pela Associação Nacional de Criadores de Cabra Bravia, que contou com 16 criadores da região, em especial dos concelhos de Vila Pouca de Aguiar, Mondim de Basto e Ribeira de Pena. Da parte da tarde, o Secretário de Estado da Agricultura participou na entrega de prémios aos criadores, antes da conversa dedicada ao tema “A Cabra Bravia na Atualidade”.
O fim de semana encerrou com a II Corrida de Cavalos em Passo Travado, reunindo o público e os produtores numa celebração do mundo rural.






Fotos: CM VPA


