Curso Profissional de Bombeiro em Vila Pouca de Aguiar com balanço positivo e com previsão de mais alunos no próximo ano letivo

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No primeiro ano do Curso Profissional de Bombeiro o balanço é positivo e o Agrupamento de Escolas de Vila Pouca de Aguiar prevê uma nova turma de alunos, abrangendo mais freguesias e concelhos para o próximo ano letivo de 2025/2026.

O Notícias de Aguiar começou por falar com Paulo Pimenta, Diretor do Agrupamento de Escolas de Vila Pouca de Aguiar, para um balanço do primeiro ano do Curso de Técnico de Bombeiro. “É um curso que está na primeira edição, no primeiro ano, e surgiu com um protocolo que desenvolvemos no ano passado com a Escola Nacional de Bombeiros (ENB) e com a Associação Humanitária de Bombeiros de Vila Pouca de Aguiar”. A ligação a estas duas instituições foi feita através do Comandante dos Bombeiros Voluntários de Vila Pouca de Aguiar, Hugo Silva. Após várias reuniões entre o Comandante e Paulo Pimenta verificaram “de que forma é que a escola poderia ser uma mais-valia no recrutamento de Bombeiros para a instituição”, culminando no Curso Profissional de Bombeiro.

Segundo o Comandante Hugo Silva, os Bombeiros Voluntários de Vila Pouca de Aguiar tentam colmatar a falta de meios operacionais com uma ação de recrutamento anual junto da população, onde também incluem escolas. Quanto ao Curso Profissional de Bombeiro, “além de abrir aos jovens a possibilidade de poder fazer o curso profissional e depois mais tarde ter uma carreira profissional como bombeiro, também veio ao encontro das necessidades que temos anualmente de ter bombeiros novos”, diz Hugo Silva. Com cerca de 80 operacionais ativos, apesar de terem “uma resposta positiva por parte da população” a nível de voluntariado, com abertura de 11 a 16 vagas anuais, “a questão do curso profissional é uma ideia a longo prazo porque esta turma começou no ano passado e só vão estar com a formação terminada daqui a dois anos”, refere o Comandante.

Para Maria Luís Vasco, Coordenadora dos Cursos Profissionais e CEF (Cursos de Educação e Formação), este tipo de cursos são uma mais-valia já que “no final, os cursos profissionais permitem aos alunos ingressar no mercado de trabalho na área que mais gostam, já certificados com o nível 4, e também podem prosseguir estudos”.

Com uma turma de nove alunos, entre os 15 e os 17 anos, oriundos de vários concelhos, “os alunos estão a gostar, é o feedback que eu tenho”, afirma o Diretor do Agrupamento. Maria Luís Vasco refere que “os alunos que estão no curso estão porque querem mesmo seguir para o mercado de trabalho e, no final do curso, ingressar numa corporação e começar a trabalhar”.

Especificidades do Curso Profissional de Bombeiro

“Temos uma equipa de formadores de excelência, nomeadamente a Adjunto Cláudia Rodrigues e a Oficial Diana Silva que são uma mais-valia para o curso, e temos também um formador do Curso de Técnico Auxiliar de Saúde, que também tem um módulo neste curso dos Bombeiros, que é o Enfermeiro Jorge Teixeira (…), e ainda a parte pedagógica, com o nosso corpo docente que, modéstia à parte, também é excelente”, explicou o Diretor do Agrupamento.

O Notícias de Aguiar teve a oportunidade de assistir a uma aula e entrevistar a Oficial Bombeira de 1ª, Diana Silva, a propósito dos módulos que leciona na disciplina de Incêndios Urbanos. A Oficial explica que “para estes alunos que não têm bases de bombeiros é fundamental que eles deem a parte teórica em aula e depois tentamos completar sempre com a parte prática que, neste momento, só se realiza no quartel dos bombeiros de Vila Pouca”. A nível de temas concretos, ensina sobre “o material que é utilizado, os equipamentos que os bombeiros usam no dia a dia no combate a incêndios urbanos e todas as manobras que são efetuadas com os veículos”. Em relação à disciplina de Acidentes, refere a Oficial Diana, “não será dada neste primeiro ano” e sim no ano seguinte. Quanto à possibilidade de combate à falta de meios operacionais nos quartéis, a Oficial Diana relembra que “a parte do voluntariado está cada vez a ser menor e ter estes alunos a iniciar desde o 10º ano nas escolas é fundamental porque acreditamos que mesmo que não concluam todos, alguns deles vão ingressar, seja como bombeiro profissional ou bombeiro voluntário”.

Cláudia Rodrigues, Adjunto de Comando dos Bombeiros de Vila Pouca de Aguiar, também é formadora no Curso Profissional de Bombeiro com as disciplinas de Incêndios Rurais e Atividade de Bombeiros. A Adjunto de Comando descreveu ao jornal o que aborda dentro da temática dos Incêndios Rurais, ou seja, “o comportamento dos incêndios, a diferença entre um fogo e um incêndio, métodos de extinção e meios de combate”. Acredita que “quando os alunos tiverem os 18 anos que sejam, pelo menos, bombeiros voluntários (…) o que é sempre uma mais-valia para a operacionalização diária”. Quando questionada sobre a motivação dos alunos, a Adjunto confessa que “inicialmente não via muita motivação, mas com o passar do tempo estão mais à vontade, mais motivados, já colocam mais questões e criaram mais expectativas”. Para a formadora, este curso “foi um desafio lançado tanto à escola, como aos alunos e até a nós mesmos”, admitindo que nas suas formações não é comum ter um público tão novo. Teve de adaptar os conteúdos à geração mais nova já que “a forma como lecionamos no quartel não pode ser a mesma que ministramos na escola, porque a faixa etária é diferente e o objetivo final também” e conclui “temos de arranjar uma forma de chegar até aos alunos e acho que temos conseguido”.

O testemunho dos alunos

Para ter o outro lado da história, o Notícias de Aguiar falou com três estudantes deste curso. Lara Martins Fernandes, de 15 anos, conta-nos que “desde pequena gostava de ver o que os bombeiros faziam”. Lara relata-nos um facto curioso sobre o início da sua vida.  “Nasci numa ambulância e, mais tarde, também me motivou a experimentar novas coisas”. Diz-nos que quer ser bombeira profissional e gosta da parte teórica e da componente prática das aulas, reforçando “se não dermos a teórica também não vamos saber nada da prática”. Admite que o módulo que mais gostou até ao momento foram os Incêndios Rurais e reforça “uma coisa curiosa para mim é como é que se age nos incêndios”. A aluna confessa-nos ainda que da teoria para a prática, no ato de apagar um incêndio, “não era bem o que eu pensava, pensava que ia ser mais fácil, mas com esforço temos de o enfrentar”. Lara Fernandes deixa um apelo a quem esteja interessado em ingressar neste curso no próximo ano letivo. “Têm de gostar mesmo desta área (…) temos de estar atentos e é preciso um bocado de esforço” e conclui “é uma área bastante interessante”.

A colega, Esmeralda Sousa, de 15 anos, também tem ligações à atividade de bombeiro. “Eu já sou bombeira em Boticas e desde pequenina gostava de ver os bombeiros, então decidi que era uma boa escolha”. Também quer enveredar por um futuro como bombeira profissional e confessa-nos que a parte prática das aulas é a que mais gosta. “Desenrolar e enrolar mangueiras” foi o que nos apontou e acredita que o módulo “como extinguir um incêndio” será o tipo de conteúdo que mais vai colocar em prática. Para Esmeralda, qualquer aluno que venha para o curso “tem de estar preparado, não é só escolher por escolher, tem que gostar mesmo, mas aconselho”.

Rodrigo Mourão, de 17 anos, começa por nos contar que “no início não estava muito motivado”. “Só vim porque o meu irmão é bombeiro aqui em Vila Pouca”. Com o decorrer do tempo, começou a gostar mais, mas diz-nos “só gosto mesmo é da prática, não gosto da teórica”, embora perceba que é importante. A nível de futuro, quer ingressar na via militar e ficar como bombeiro voluntário. Diz-nos que gostava de ter mais aulas no terreno, no quartel dos bombeiros, para “desenrolar e enrolar mangueira” e o que mais o motivou foram as “manobras dos veículos”.

Balanço e próximos passos

Sendo o primeiro ano do curso, o Diretor do Agrupamento de Escolas admite que há aperfeiçoamentos a fazer. “Já identificámos alguns aspetos que podemos melhorar na próxima edição, estamos a trabalhar nisso e já temos reuniões de trabalho agendadas precisamente para limar alguns pontos no sentido de podermos evoluir no próximo ano”. Segundo Paulo Pimenta, neste próximo ano letivo são esperados mais alunos inscritos, tendo já interessados de Ribeira de Pena, Boticas e Vidago, fruto do ‘passa palavra’ entre os alunos e da divulgação regional dos cursos que é feita todos os anos. “A melhor publicidade aos cursos profissionais são os alunos. Os nossos cursos felizmente têm tido muito sucesso, nomeadamente o Curso de Cozinha e Pastelaria, o Curso de Manutenção Industrial na vertente Metalomecânica e na vertente Mecatrónica”.

No caso concreto do Agrupamento de Escolas de Vila Pouca de Aguiar, Paulo Pimenta salienta a importância dos Centros Tecnológicos Especializados (CTE). “Temos um CTE aprovado para o Ensino Profissional e está neste momento em contratação pública, é um concurso internacional de um milhão e seiscentos mil euros (…) e tudo aponta que no próximo ano letivo já arranque com o CTE”. Refere ainda que há uma vantagem já que “os agrupamentos de escolas que têm CTE aprovados, relativamente ao Ensino Profissional, partem logo à frente das outras escolas” e é o caso de “Vila Pouca e Chaves”.

A nível interno, o Agrupamento já iniciou as ações de capacitação através do Gabinete de Psicologia e Orientação Escolar, que está a trabalhar com os alunos, e há “feedback de que há alunos interessados no curso [Profissional de Bombeiro]”.

Saídas profissionais do Curso Técnico de Bombeiro

O curso permite ingressar “na carreira de Bombeiro, como técnico do INEM [Instituto Nacional de Emergência Médica] e ainda na Proteção Civil, quer local, regional ou nacional. Dentro dos Bombeiros, poderá ir para tripulante de ambulância, poderá ir para a EIP (Equipa de Intervenção Permanente), tem um leque alargado de oferta profissional. Arrisco-me mesmo a dizer, em conversas com o Comandante Hugo [Silva], que anseia por estes alunos já que quando terminarem, se quiserem, as portas estarão abertas”. E remata “naturalmente que o objetivo é garantir que os alunos, no final, possam ingressar no mercado de trabalho”.

Os alunos também podem prosseguir para o Ensino Superior uma vez que “o curso profissional tem uma dupla certificação, a profissional e a pedagógica, e podem ingressar no curso universitário e com vantagens na licenciatura em Proteção Civil e na licenciatura em Enfermagem porque já têm bases”. A nível de acesso ao Ensino Superior, os alunos do Ensino Profissional “não fazem as específicas, fazem só a prova de escola, tendo o acesso à faculdade mais facilitado”.

Em modo de conclusão, o Diretor do Agrupamento salienta “tenho que destacar a excelente cooperação com os Bombeiros de Vila Pouca de Aguiar, nomeadamente com o Comandante Hugo, e com o Presidente da Associação, José Eduardo, que desde logo se mostraram disponíveis para colaborar com este curso e nós, Agrupamento de Escolas, temos que lhes agradecer porque também disponibilizam as instalações para a formação prática”.

Ângela Vermelho

Fotos: Beatriz Ribeiro | EPM

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