Este mês de dezembro, o Centro PINUS reuniu com a comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Tâmega, para discutir a presente receção de investimento do PDR2020 na região. A par desta questão, o Centro PINUS dialogou com esta CIM sobre o papel ativo que a mesma, assim como as autarquias, poderão vir a ter na floresta da região. No território da CIM Alto Tâmega, 24,3% corresponde a floresta e, nesta, o Pinheiro-bravo representa a principal espécie, sendo que 14% da indústria transformadora da região depende da madeira de pinho.
Primeiramente foram discutidos os investimentos recebidos pelo PDR2020 para a região, os quais estiveram muito abaixo do expectável – 5,4 milhões de euros- o que corresponde a 3,4% do investimento aprovado a nível de todo o país, o que se revela baixo numa região em que a floresta é tão importante. Igualmente preocupante é o facto de não existirem beneficiários privados do PDR2020 na região. Apesar de o investimento em baldios também ter sido insuficiente, a maior parte das áreas florestais são privadas e é alarmante que aquele que é o principal programa de apoio ao investimento no sector florestal não esteja a chegar aos produtores florestais. Esta realidade não afeta apenas o território do Alto Tâmega, mas todas as regiões do país em que a dimensão média da propriedade é reduzida.
Assim, o Centro PINUS deu a conhecer as medidas que desenvolveu e já propôs ao Governo no contexto do futuro PDR, para alterar a situação atual que tanto prejudica a floresta do Norte e Centro do país. Contudo, apenas entre 2022/2023 é que ficará disponível o novo PDR, sendo necessárias alternativas de investimento de médio prazo. Posto isto, o Centro PINUS alertou para a importância de aproveitar o investimento atualmente disponível, através do Plano de Recuperação Económica, podendo-se assim trazer investimento para esta região, devido à maior flexibilidade que este Plano poderá ter.
Tal como na região, o decréscimo da área de Pinheiro-Bravo foi também extenso a nível nacional, com uma perda de 27% em 20 anos. É importante salientar que o Pinheiro-Bravo é uma espécie autóctone e pioneira, que consegue colonizar solos pobres, contribuindo para a qualidade da água, a proteção da erosão e a biodiversidade. É ainda o maior reservatório de carbono da floresta nacional, com um importante papel na luta contra as alterações climáticas.
Na região do Alto Tâmega existem 67 empresas de primeira e segunda transformação com ligação à fileira do pinho. Até 2030, com o intuito de reverter o decréscimo desta espécie no país, o Centro PINUS prevê serem necessários 53 milhões de euros de investimento anual, para se atingir a meta mínima de área que Estratégia Nacional para as Florestas preconiza em 2030, gerindo a regeneração natural que se segue aos incêndios e rearborizando as áreas que já perderam essa capacidade. É fundamental que os proprietários florestais da região tenham a ajuda necessária para que a floresta ofereça todo o potencial económico, social e ambiental.