Conhecido pela sua versatilidade artística, o músico aguiarense, Maike Calvão, aproveitou o atual período atípico para a indústria cultural para gravar o seu primeiro álbum, que já se encontra à venda desde o passado mês de junho.
Este “curioso pela música”, reconhecido pelos dotes artísticos no acordeão, concertina, piano ou cavaquinho, reúne neste primeiro álbum um conjunto de 10 temas, entre os quais um original, todos eles gravados somente ao piano.
“A ideia de gravar ou registar alguma coisa já surgiu há muito tempo, mas não sabia bem o que gravar. Aproveitei então este período pandémico para pôr em prática esta ideia. Depois de pensada, a gravação foi também incentivo de um amigo, Hélder Almeida, que se disponibilizou a gravar o CD no seu estúdio. Levei assim o piano para sua casa e aos poucos fomos gravando os temas”, explicou Maike Calvão.
No leque de 10 temas que compõe este trabalho, a seleção das músicas recaiu, sobretudo, sobre aquelas que são mais pedidas a Maike Calvão ao longo dos anos, nomeadamente “Memory from Cats”, “Love Story” ou “My Way”.
“Independentemente da idade de quem ouve, acredito que no meio dos 10 temas gravados haverá sempre um ou dois que as pessoas se irão identificar e até associar a algum momento da sua vida”, referiu.
Sendo este um CD de piano, segundo o artista, “a gravação é fácil, mas ao mesmo tempo muito difícil”. “Fácil porque só precisamos de um piano e de tocar enquanto se está a gravar. Difícil porque é um instrumento a solo, e todas as notas bem ou mal tocadas, com mais ou menos intensidade ficam registadas”.
“Durante o atual período pandémico a música foi ouvida abaixo dos 20Hz”
A pandemia da Covid-19 impactou de forma significativa a indústria musical, causando efeitos em diferentes segmentos artísticos. Vários eventos, como festivais de música, concertos, festas populares ou romarias foram adiados ou cancelados. Tais cancelamentos podem parecer pequenos face à realidade atual, mas a verdade é que este impacto é mais significativo do que aquilo que os artistas gostariam que fosse.
Maike Calvão, em jeito metafórico, compara o impacto da pandemia na música com frequências inaudíveis e incomodativas. “Durante este tempo pandémico a música foi ouvida abaixo dos 20Hz, ou seja, com frequências que são inaudíveis para os seres humanos, os conhecidos infrassons, mas que apesar de serem frequências baixas podem ser muito incomodativas e podem ser sinal de um problema grave. Os infrassons são, por exemplo, produzidos pelos terramotos e, tal como eles, podem ser sinal de destruição mais ou menos forte, tal e qual este período pandémico para a música e para a cultura em geral”, explicou.
No entanto, com esperança e otimismo, o artista espera que “as frequências voltem rapidamente até aos 440Hz”.
Quanto ao álbum de estreia de Maike Calvão, está à venda na Escola de Música do próprio, em Padras Salgadas, na Colina do Sol, na Livraria e Papelaria Aguiarense, ou no Hotel Vidago Palace, onde o artista é pianista residente há cerca de cinco anos, todas as sextas e sábados à noite durante o jantar.
Daniela Parente