Fogo controlado utilizado para gestão de combustíveis e renovação de pastagens

Data:

Na semana em que o Governo relembrou que os proprietários de terrenos confinantes a edifícios inseridos em espaços rurais são obrigados a proceder à gestão de combustível até ao dia 15 de março, de forma a evitarem a propagação de incêndios à volta das habitações, destacamos uma importante ferramenta de Silvicultura Preventiva: o Fogo Controlado.

O fogo controlado consiste na utilização de fogo para atingir diversos objetivos específicos de gestão dos espaços florestais, nomeadamente: silvícolas, silvopastoris, cinegéticos e ecológicos. É uma técnica considerada relevante na prevenção de incêndios, pois permite a redução da carga combustível e consequentemente da área percorrida pelos incêndios.

Em Vila Pouca de Aguiar, a empresa do setor florestal “Raízes In”, tem trabalhado há vários anos em parceria com a associação florestal AguiarFloresta, na execução de fogo controlado em zonas estratégicas do concelho para, por um lado, melhorarem as condições de pastoreio de raças autóctones, nomeadamente a cabra bravia e a vaca maronesa, e, simultaneamente, criarem mosaicos de descontinuidade para evitarem a progressão de incêndios de grandes dimensões.

“O fogo controlado tem desde logo a vantagem de ser uma técnica mais económica do que outro tipo de intervenção. É de execução mais rápida e eficaz, mas carece de muito conhecimento técnico, quer para a sua aplicação, quer no seu planeamento prévio, seja ao nível da seleção estratégica dos locais a implementar, quer na avaliação das melhores condições meteorológicas que esta técnica requer, por forma a atingirmos os objetivos sem causar danos secundários”, explicou Marco Ribeiro, da Raízes In.

Em algumas circunstâncias, para evitar de forma eficaz a progressão de incêndios, “é necessário executar a técnica em áreas com grande extensão, mas noutros casos, tendo um conhecimento profundo das dinâmicas e padrões do fogo nos diferentes locais ao longo dos anos, é possível com pequenas áreas executadas atingir esse objetivo”.

“É de facto fundamental que esta técnica seja aplicada por pessoas credenciadas para o efeito”, sublinhou o responsável.

“Um bom criado, um mau patrão”

Apesar de ser uma técnica utilizada já há vários anos, o fogo controlado ainda levanta várias questões, muitas vezes devido à falta de conhecimento por parte de quem presencia algumas das ações desenvolvidas nas áreas florestais.

Ao longo dos últimos meses, a Raízes In, em conjunto com a AguiarFloresta, dinamizou visitas técnicas a áreas de pinheiro-bravo tratados com fogo controlado ao longo do último ano, no concelho de Vila Pouca de Aguiar. Estas visitas têm como objetivo alterar a visão do fogo controlado em relação ao que é geralmente visto por parte da população.

“Já começa a haver mais aceitação desta técnica uma vez que as pessoas têm presenciado cada vez mais este tipo de ações e constatam que os seus efeitos nada têm a ver com os que resultam dum incêndio florestal no verão”, explicou.

Ao longo destas ações elucidativas para a população local, é evidenciado que “estes fogos são de baixa intensidade, realizados apenas durante os meses frios e húmidos de inverno, que garantem a proteção do solo, um aumento da disponibilidade de nutrientes imediata e consequentemente a germinação de espécies mais adaptadas ao local”.

Por fim, Marco Ribeiro conclui a explicação sobre esta técnica, utilizando um velho ditado elucidativo: o fogo é “um mau patrão, mas um ótimo empregado”. Este ancestral provérbio finlandês exprime bem a dualidade da relação do Homem com o fogo – uma útil ferramenta ou um agente de catástrofe.

Resinagem como aliada da gestão de combustíveis

A Raízes In é uma empresa do setor florestal que desenvolve trabalhos em três vertentes. A primeira é a parte técnica, onde desenvolve todo o tipo de projetos florestais, como os Planos de Gestão Florestal e elabora candidaturas a fundos comunitários.

A segunda parte é a de execução de trabalhos florestais onde se englobam as limpezas florestais, beneficiação de áreas de Pinheiro-bravo, execução de fogo controlado e trabalhos de exploração de resina.

“A terceira parte é a de formação onde formamos técnicos de fogo controlado e operacionais de queima”, explicou.

Dentro das três vertentes, convém destacar a questão da resinagem, que a Raízes In tem dinamizado no concelho de Vila Pouca de Aguiar, em parceria com a AguiarFloresta.

Esta técnica permite gerar empregos a tempo inteiro, aliando os trabalhos de exploração de resina e vigilância contra incêndios nos meses de verão e a gestão de combustíveis, melhorando assim as características dos pinhais durante os meses de inverno.

Por Daniela Parente

Partilhar

Últimas

Artigos relacionados
Relacionado

Mostra Gastronómica colocou à mesa a trilogia dos produtos de outono

Cabrito, castanhas e cogumelos, foram os três produtos estrela...

Câmara recupera património e abre novo albergue em Sabroso de Aguiar

A Câmara Municipal de Vila Pouca de Aguiar inaugurou...

Dois dias de feira das cebolas para escoar os melhores produtos transmontanos

Cerca de meia centena de produtores de cebola irá...

 Pedras Sounds voltou a colocar Pedras Salgadas na rota dos festivais de Verão

Decorridos 12 anos desde a primeira edição do Pedras...