Quando o Halloween chegou aos EUA, já se pedia pão por Deus em Portugal. Por todo o país, as crianças organizam-se em grupos e vão de porta em porta pedir doces e fazer travessuras, uma prática que tem cada vez mais adeptos em Portugal. Mas será que o pedido de pão por Deus, tão tradicional na região de Trás-os-Montes, ainda sobrevive?
Diz a tradição que no dia 1 de novembro, o Dia de Todos os Santos, as crianças saem à rua com um saco de pano na mão a pedir de porta em porta o pão por Deus. Em troca recebem broas, rebuçados, pastilhas, nozes, algumas moedas ou aquilo que o dono da casa estiver disposto a oferecer.
Reza a história que o Pão por Deus teve origem em Lisboa, um ano depois do terramoto de 1755. Nesse dia 1 de novembro, a população mais pobre de Lisboa terá aproveitado para sair às ruas e bater à porta dos mais afortunados, e, assim, mitigar um pouco a fome.
Esta tradição perpetuou-se no tempo, sendo sempre comemorada neste dia e tendo-se propagado gradualmente a todo o país.
O pedido era geralmente acompanhado pela gritaria dos mais novos, enquanto cantarolavam “Bolinhos e bolinhós/Para mim e para vós./Para dar aos finados/Qu’estão mortos, enterrados./À porta da bela cruz/Truz! Truz! Truz!/ A senhora que está lá dentro/Assentada num banquinho./Faz favor de s’alevantar/P’ra vir dar um tostãozinho”
Após a década de 80, e nos centros mais urbanos, começou a desvanecer-se esta tradição e os mais novos começaram aos poucos a tentar implementar a tradição norte-americana, sobretudo através da realização de festas temáticas.
Daniela Parente